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ENSAIOS
Entrevista: Emmanuel Pahud / Artista em Residência
Autor:Renato Roschel, José Ananias Souza Lopes, Fabíola Alves e Sávio Araújo
26/mar/2018

Como o senhor organiza sua rotina de trabalho entre recitais, concertos e aulas?

 

Não há rotina — cada dia traz informações e repertórios diferentes para diferentes encontros, acústicas e locais... É claro que preciso me manter em boa forma, o que não é difícil, afinal toco todo dia. Acredito que não precisarei me preparar especificamente para uma ou outra atividade enquanto estiver em boa forma em relação ao meu instrumento... Exercícios de aquecimento, é claro, são a primeira atividade de todo dia, realizados sempre antes de ir a algum ensaio ou concerto.

 


O senhor tem sido constantemente requisitado para estrear novas obras para flauta nos últimos anos. Como escolhe compositores para essas novas obras?


A escolha de um compositor é feita a partir de conversas e acordos entre quem apresenta o concerto — muitas vezes, o próprio solicitante do concerto — e eu, o intérprete. Cada lado prepara uma lista de convidados, e quase sempre há dois ou três nomes em comum, e então contatamos um dos compositores, a fim de convidá-lo para um projeto de obra para flauta. Algumas vezes, é ao encontrar o compositor que as peças começam a ganhar forma. Eu não interfiro muito nesse momento, já que prefiro que as peças não sejam feitas sob medida para mim. Prefiro muito mais os desafios que a livre criação do compositor me traz.

 


Entre tantos ensaios, concertos e gravações, o senhor encontra tempo para escutar música? Que tipo de música ouve?


Gosto de escutar música que não conheço. Música de improvisação, como o jazz, ou a bossa nova e o chorinho brasileiros, mas também algumas óperas e música experimental contemporânea. Sempre fui fascinado pela voz. Escutar ópera é despertar o “pequeno garoto” que há em mim. O que me importa é escutar música capaz de expandir meu horizonte musical para além da música clássica para flauta.

 

 

O senhor se tornou o principal flautista da Orquestra Filarmônica de Berlim aos 22 anos de idade. Quanto sua vida como músico mudou desde aquele período?


Minha vida como músico evoluiu em muitos sentidos, em termos de responsabilidade e respeito, em termos de quantidade de trabalho. Aos 22 anos eu ainda tinha muito a descobrir, ao mesmo tempo em que já estava exposto a muita coisa, de maneira que eu sempre sofri pressão, mas nunca mudei meu sentimento [em relação à música]. Agora, de um lado, eu ganhei muito mais experiência: sou capaz de lidar com mais coisas. De outro, preciso de mais tempo de preparação entre projetos. Mas eu ainda estou ávido por muitas descobertas e a cada ano a procura de novos horizontes me exige mais energia.

 


Qual é a importância do método de Stanislavski para o seu trabalho? Como o senhor, sendo músico, se utiliza desse método de preparação para atores ou outras técnicas teatrais?


Isso não está diretamente incorporado no meu método de treinamento. Porém, li alguns livros sobre Stanislavski quando era jovem, o que me ajudou de maneira tremenda a aumentar meu nível de consciência, comprometimento, concentração, foco. Agora, já mais maduro, eu acho a ioga uma outra forma muito eficiente de questionar certas coisas e desenvolver um novo nível de consciência e controle.

 


Em sua opinião, o que torna grandioso um flautista ou uma música?


“O bom nunca é bom o bastante.” Como intérpretes, nós sempre podemos melhorar em nossas tentativas de servir ao grande espírito da música. Devemos nos considerar privilegiados por dedicar nossas vidas ao gênio de algumas das mentes mais brilhantes da história da humanidade... Bach, Mozart, Beethoven, Debussy, Bartók, Stravinsky, Bernstein ou Boulez, para citar alguns.


Ao praticar um instrumento, a meta é avançar contra quaisquer limites e fazer as coisas parecerem fáceis. Manter o espírito vivo, no entanto, é o objetivo definitivo.

 

 

Entrevista a Renato Roschel e aos Flautistas da Osesp,

José Ananias Souza Lopes, Fabíola Alves e Sávio Araújo

 

 

CRONOLOGIA

_1970: Nasce em Genebra, na Suíça.

_1970-4: Infância marcada por viagens. Seu pai trabalhava para uma empresa dos Estados Unidos que obrigava a família a se mudar continuamente. Em razão disso, nos três primeiros anos de vida, Pahud vive em Bagdá, Paris e Madri.

_1974: Sua família se estabelece em Roma. No prédio em que moravam, na capital italiana, vivia também a família suíço-francesa Binet, em que todos eram músicos. O pai (François) era um flautista que estudava em Zurique e Paris.
Aos quatro anos, ouve diariamente seu vizinho praticar flauta. Aos seis, começa a estudar flauta com Philippe (que tinha apenas 15 anos) e nos três anos seguintes com François.

_1978: Sua família se muda para Bruxelas, na Bélgica. Começa a estudar na Academia de Música de Uccle com Michel Moinil.

_1984: Passa a estudar com Carlos Bruneel, então flautista principal da ópera Théâtre Royal de la Monnaie, em Bruxelas. Estuda com Bruneel até 1987.

_1985: Ganha o Concurso Nacional da Bélgica. No mesmo ano, toca seu primeiro concerto com a Orquestra Nacional da Bélgica: Concerto K.313 em sol maior, de Mozart.

_1987: Muda-se para Paris, onde começa a estudar com alguns dos melhores músicos da Europa, entre eles Peter-Lukas Graf. Frequenta o Conservatório de Paris, onde estuda com Michel Debost, Alain Marion, Pierre Artaud e Christian Larde.

_1988: Vence uma competição em Duino, na Itália. No mesmo ano, fica em segundo lugar na International Scheveningen Music Competition, na Holanda.

_1989: Vence uma competição em Kobe, no Japão. Torna-se o flautista principal na Basel Radio Symphony, sob a direção de Nello Santi.

_1990: Conclui os estudos no Conservatoire National Supérieur de Musique de Paris, obtendo o Primeiro Prêmio.

_1992: Ocupa o papel de flautista principal na Filarmônica de Munique, sob a regência de Sergiu Celibidache, e tem aulas com o suíço Aurèle Nicolet, o qual o prepara para o Concurso Internacional de Música de Genebra e para a audição para o posto de flautista principal da Orquestra Filarmônica de Berlim.
Ganha o concurso e passa a ser o flautista principal da orquestra comandada por Claudio Abbado. Aos 22 anos, é o músico mais jovem a atingir essa posição.

_1993: Após um ano em Berlim, participa de vários festivais e concertos internacionais como solista de várias orquestras, entre elas: Orquestra Sinfônica Yomiuri Nippon, Orquestra Sinfônica de Londres, Orquestra Sinfônica da Rádio de Berlim, Orquestra Sinfônica de Baltimore, Orquestra Filarmônica de Londres, Orquestra Sinfônica NHK e Orquestra Filarmônica da Rádio France.

_1996: Assina contrato com a EMI Classics (atualmente, Warner Classics). Ao longo dos anos, produz dezenas de gravações premiadas e aclamadas pela crítica; e faz a estreia de inúmeras obras.

_2005-6: Participa com a Orquestra de Câmara da Austrália de famosas apresentações dos Concertos para Flauta de Vivaldi.

_2005-6: Solista em concertos com a Sinfônica de Utah, a Orquestra Filarmônica de Luxemburgo, Orquestra de Câmara de Paris, Orquestra de Câmara de Potsdam e a Orquestra Sinfônica de Bamberger.

_2008: Grava o Concerto para Flauta do francês Marc-André Dalbavie (interpretaria essa mesma obra com a Osesp em 2014).
_2009: Recebe, na França, o título de Chevalier dans l’Ordre des Arts et des Lettres.
_2011: Torna-se membro honorário (hon RAM) da Royal Academy of Music, em Londres.
_2014-5: Apresenta-se com a Osesp, entre outras orquestras de relevo: Orquestra Nacional de Bordeaux Aquitaine, Orquestra Sinfônica de Valencia, Mozarteum Salzburg, Filarmônica de Belgrado, Orquestra Nacional de Lyon, Orquestra Sinfônica de Berna, Filarmônica de Oslo, Filarmônica de Praga e Filarmônica de Helsinque, entre outras.
_2017: Solista com a Orquestra de Câmara da Austrália e com a Postdam Chamber Orchestra (na Sala São Paulo, inclusive) entre outras orquestras.
_2018: Artista em Residência da Osesp. Concertos com Orquestra do Capitólio de Toulouse e Franz Liszt Chamber Orchestra.