Temporada 2024
abril
s t q q s s d
<abril>
segterquaquisexsábdom
25262728293031
123 4 5 6 7
89101112 13 14
151617 18 19 20 21
222324 25 26 27 28
293012345
jan fev mar abr
mai jun jul ago
set out nov dez
PRAÇA JÚLIO PRESTES, Nº 16
01218 020 | SÃO PAULO - SP
+55 11 3367 9500
SEG A SEX – DAS 9h ÀS 18h
07
jun 2018
quinta-feira 20h30 Jacarandá
Temporada Osesp: Langrée e Osborne


Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo
Louis Langrée regente
Steven Osborne piano


Programação
Sujeita a
Alterações
Zoltán KODÁLY
Danças de Galanta
Dmitri SHOSTAKOVICH
Concerto nº 2 Para Piano em Fá Maior, Op.102
Wolfgang Amadeus MOZART
Sinfonia nº 1 em Mi bemol maior, KV 16
Ludwig van BEETHOVEN
Sinfonia nº 1 em Dó Maior, Op.21
INGRESSOS
  Entre R$ 50,00 e R$ 222,00
  QUINTA-FEIRA 07/JUN/2018 20h30
Sala São Paulo
São Paulo-SP - Brasil

Falando de Música
Quem tem ingresso para o concerto da série sinfônica da temporada da Osesp pode chegar antes para ouvir uma aula em que são abordados, de forma descontraída e ilustrativa, aspectos estéticos das obras, biografia dos compositores e outras peculiaridades do programa que será apresentado em seguida.

Horário da palestra: uma hora antes do concerto.

Local: Salão Nobre ou conforme indicação.

Lotação: 250 lugares.

Notas de Programa

 

ZOLTÁN KODÁLY [1882-1967]

Danças de Galanta [1933]

LENTO
ALLEGRETTO MODERATO

ALLEGRO CON MOTO, GRAZIOSO ALLEGRO
ALLEGRO VIVACE

15 MIN

 

DMITRI SHOSTAKOVICH [1906-75]

Concerto nº 2 Para Piano em Fá Maior, Op.102 [1957] 

ALLEGRO

ANDANTE (ATTACCA)
ALLEGRO 

20 MIN


/INTERVALO

 

WOLFGANG AMADEUS MOZART [1756-91]

Sinfonia nº 1 em Mi Bemol Maior, KV 16 [1764]

MOLTO ALLEGRO

ANDANTE

PRESTO

13 MIN


LUDWIG VAN BEETHOVEN [1770-1827]

Sinfonia nº 1 em Dó Maior, Op.21 [1799-1800] /AS NOVE SINFONIAS

ADAGIO MOLTO. ALLEGRO CON BRIO

ANDANTE
MENUETTO
ADAGIO. ALLEGRO MOLTO E VIVACE

26 MIN

 

KODÁLY

Danças de Galanta


Os húngaros devem a Kodály a preservação de muito de sua música folclórica, que ele recolheu e pesquisou durante toda a vida. Ainda assim, é um caso típico de santo de casa que não faz milagre: foi apenas depois do sucesso internacional que suas obras foram aceitas e festejadas em seu próprio país.


Na infância, o compositor morou na região de Galanta, onde o pai trabalhava na via férrea. Lá, sua vida foi permeada pela música tradicional húngara e cigana. A cidade era a sede de uma banda de Verbunkos famosa, cujo líder era o violinista Mihók. Verbunkos é um gênero particular de música: inicialmente usada por bandas austríacas itinerantes como atrativo no recrutamento de jovens que viriam a engrossar as fileiras do exército, acabou por se tornar um gênero autenticamente húngaro.


Uma coletânea de melodias desse tipo, publicada em Viena em torno de 1800, serviu de fonte para o compositor, que escreveu as Danças de Galanta como encomenda para os 80 anos da Sociedade Filarmônica de Budapeste. Na orquestração,entre os inúmeros e encantadores solos para sopros, tem destaque a clarineta, que evoca o som de um dos instrumentos mais característicos da estepe húngara: o tárogató, igualmente uma madeira de palheta única, de som penetrante e anasalado. Como as melodias de Verbunkos, a obra tem uma introdução lenta e sinuosa, improvisatória, que desemboca em danças vigorosas e alegres, às vezes interrompidas pelo canto nostálgico da clarineta, e com a típica acentuação lombarda e as síncopes que imitam a cadência da própria língua magyar.

 

SHOSTAKOVICH

Concerto nº 2 Para Piano em Fá Maior, Op.102


Aos 19 anos, Maxim Shostakovich, um pianista de talento, aluno do Conservatório de Moscou, recebeu do pai, Dmitri, um presente e tanto: um Concerto Para Piano a ser estreado em sua formatura. Talvez pela alegria da ocasião e pela idade de seu jovem solista, o Concerto exibe orquestração delicada, sendo uma das obras mais leves e divertidas do compositor.


O primeiro movimento tem um clima brincalhão e extrovertido, pontuado por bravata militaresca e galhofeira. No segundo, cantabile, inocente e doce, a própria singeleza temática lembra as primeiras incursões na vida amorosa, com ambiguidades rítmicas que dão graça às frases, evitando que fiquem excessivamente lamurientas. O “Allegro” final volta ao clima despreocupado do início, com um humor carinhoso que se revela na citação aos famosos exercícios diários de Charles-Louis Hanon, uma base da técnica de teclado, talvez como um lembrete simpaticamente jocoso ao filho de que o estudo de um instrumento não se encerra com a diplomação do músico.

 

MOZART

Sinfonia nº 1 em Mi Bemol Maior, KV 16


Em 1764, aos oito anos de idade, Mozart fazia grande sucesso se apresentando como criança prodígio em várias capitais da Europa. A Primeira Sinfonia foi composta durante uma dessas viagens de exibição, em Londres, e teve sua estreia um ano depois. Evidencia um talento excepcional para a composição, e também sinaliza um artista antenado, ciente do que fazia sucesso no momento, e do que poderia agradar à plateia. É clara, nela, a influência dos filhos de Bach, particularmente de Johann Christian, conhecido como o “Bach inglês”, que fez grande carreira na capital do Reino Unido. A instrumentação também segue a voga para sinfonias naquele momento, com oboés e trompas, e a distribuição de movimentos, rápido-lento-rápido, era também a mais comum então, com o primeiro movimento em forma-sonata.


O início é baseado num arpejo em posição fundamental, quase um anúncio de intenções: a tonalidade se estabelece da maneira mais direta, simples e óbvia possível. Ainda assim a música, que como era de se esperar não atinge o nível sublime das obras de maturidade do compositor, já mostra várias das qualidades do Mozart adulto: o instinto infalível para inflexões dramáticas, a elegância, a facilidade no tratamento harmônico, o senso de direção sempre claro, e a manipulação de ornamentos tão apurada que eles são sempre mais do que meros enfeites à estrutura, servindo como comentários sobre a própria obra. O “Andante”, mais reflexivo, tem acompanhamento fluido de quiálteras que se estruturam como uma espécie de tapete sobre o qual se desenrolam os motivos que passeiam entre os naipes da orquestra. No “Presto”, de uma vivacidade exemplar, e trazendo de volta o arpejo do “Molto Allegro”, os recursos de dinâmica são muito bem explorados, com passagens que contrapõem violinos solo e tutti orquestral.

 

BEETHOVEN

Sinfonia nº 1 em Dó Maior, Op.21 /AS NOVE SINFONIAS


A Primeira Sinfonia de Beethoven foi dedicada ao Barão van Swieten, um de seus patronos iniciais, homem culto e brilhante que se tornou amigo dos maiores músicos de seu tempo. A Sinfonia pretendia ser uma carta de apresentação para Beethoven, que se aventurava na forma então considerada o passaporte para a maturidade artística de qualquer compositor sério.


Ela segue a praxe no que se refere à forma; é no conteúdo que deixa sua marca. O primeiro movimento já começa de maneira pouco usual, com uma sequência de acordes de dominante normalmente empregada para sinalizar o final de uma peça. Somente depois de um longo trecho de “despedida” é que o movimento finalmente engrena, com o vigor característico do compositor, que explora síncopes, acentos deslocados, e crescendos empolgantes.


O segundo movimento, clássico em forma e espírito, transcorre com elegância mozartiana. O “Menuetto” tão ligeiro que mais parece um scherzo, mistura em igual proporção ansiedade e graça. O “Finale” tem uma introdução lenta, só nos violinos, que parecem estar tateando em busca do tema. Este chega trazendo ímpeto, exuberância e senso de humor dignos de Haydn. Longe de ser incipiente, a Sinfonia nº 1 tem o frescor da juventude, mas mostra toda a solidez de uma obra de maturidade, com recursos de imaginação e técnica já completamente desenvolvidos em um estilo próprio e verdadeiramente espetacular.

 

LAURA RÓNAI é doutora em Música, responsável pela cadeira de flauta

transversal na UNIRIO e professora no programa de Pós-Graduação 

em Música. É também diretora da Orquestra Barroca da UNIRIO.

 


Leia o ensaio "A Era de Beethoven", de Arthur Nestrovski, aqui.